28.5.08

UM HÍBRIDO DE AFOGAMENTO


Imagine a si mesmo numa rua de Belo Horizonte, dentro de um carro, no banco de trás. Você ouve uma sirene de ambulância - ela se aproxima e você nem se vira para ver de onde o som está vindo. Você está pensando que não pode deixar que as coisas fiquem como estão. Que o a primavera no Rio de Janeiro deve estar cheia de conchas brancas e copos de espuma. Você pensa na pressão. Você se depara com um abrupto choque. Você se choca. Você está chocada. E o gosto do cigarro e o cheiro do cigarro, assim como, o os passes errados daquele atacante medíocre do Botafogo passam pela sua cabeça. As vacas também, é claro. Todas elas. De repente, você está diante de uma árvore. Sólida, compacta. Que se curva ao estalar do seu pescoço.

(Vanessa in the sky (with diamonds). Our closer best friend)


Os diamantes são eternos, as garotas vascaínas não. E agora eu tenho medo de andar de carro. De vez em quando, solto um grito e meu coração dispara - sou um terror para os motoristas. Acontece, simplesmente. É minha forma de prantear. Lembro de tardes de dias de semana passadas na arquibancada branca do Maracanã. Tenho razão de sentir saudade. Tenho razão de odiar miojo e razão para aindar soltar uma gargalhada diante da sua memorável obsessão pelo colchão. E teve a vez em que quase fomos pegas e saimos correndo pelos corredores escuros, o rastro da fumaça, o cheiro. Manoel e Joaquim na última vez e meu telefone tocando de madrugada.

Sua Vaca.