24.12.05

Eu canso das respostas. Das perguntas. Dos parênteses e reticências. Das infrutíferas exclamações. Eu ouço. Ouço pacientemente. E te devolvo na mesma moeda. Aprendi a imitar seu tom faz anos.
Não dorme, querida. Não no meu ombro. Não suporto o peso da sua inocência entorpecida, das mil desculpas que sempre te dou de presente e que você sempre usa na hora certa sem conseguir o efeito esperado.
Agora só quero tomar porre de champagne. Você abre umas garrafas para mim?
Não posso dizer isso. Estou sob supervisão psicanalítica e minha receita diz para ficar longe de você mas toda vez que dizemos adeus eu morro um pouco. Morreria de qualquer forma. Você é tão letal com os olhos escorrendo para fora dessa loucura toda, segura minha mão melhor que qualquer outra pessoa nesse mundo e isso é um remédio cheio de eficiência.
Gostou daquele velha 3 x 4 na minha geladeira, não foi?
Eu sei de tudo sobre nós. Você perde alguns detalhes. Sua memória não tão é boa quanto a minha. Mas tem umas coisas que você consegue guardar melhor - seu coração é mais largo e seu fígado mais tolerante. E a vista da janela da sua casa sou eu cantarolando: "Eu voltei!!!"