29.6.04

NO MORE LOVE


Por que você insiste em se apaixonar?

É esse seu sangue italiano?

Se eu pudesse te abandonaria agora - não me pergunte por que não posso.

Se você tomasse menos leite, acho que casaria com você. Mas, grávida, não posso me arriscar a te amamentar.



28.6.04

BOLHETIM-DIÁRIO

Tenho um monte de idéias que perco. E dor espalhada por todo o corpo. Uma febre, uma quase febre constante. Baixa. Na fronte. E muitos enjôos. Muita bílis amarga insistindo em chegar a boca, deixando a garganta infrequentável.
Não tenho vontade de falar com ninguém especificamente, mas não consigo me calar. Telefono o tempo todo e só escrevo diálogos. Lembro amaldiçoadamente de tudo desde que tenho 6 anos. Lembro dos detalhes que já devia ter esquecido. Lembro das pessoas que me contaram seus detalhes. Todas elas, nítidas na minha cabeça - já devia ter esquecido. Choro muito ouvindo música. Coloco a música certa para chorar.
On the way home - Neil Young numa voz mais próxima e mais amada.
Gosto dessa cidade, mas não sei o que fazer com ela. Frequento diariamente os mesmos lugares, a mesma cerveja, o mesmo garçom - que um dia já foi meu inimigo, mas hoje me traz o chopp gelado e na pressão antes que eu possa pedi-lo. E me sinto entediada.
Durmo cerca de cinco horas por noite. Tenho passado dias. Quando passa?



26.6.04

SEM MAIS DELONGAS

"Temos essas capacidade - espirituosamente ambígua - de acreditar em coisas que inventamos. Por isso estou desinventando deus."

Não, não me dê seu coração. Estou com a faca e o queijo nas mãos e posso devorá-lo em questão de segundos.

Mas depois, vou vomitá-lo.

Você é quem sabe. Fico satisfeita com suas pernas - e com suas leituras em voz alta.

18.6.04

SINTOMÁTICO

O sangue ferve queimando o coração que incha o cérebro elevando a pressão intracraniana a níveis insustentáveis - o coração termina esmagado contra a porta aberta que me atravessa o estômago.
Estou morrendo, baby. Estou morrendo. Sei que você gostaria de dizer que tem morfina para me dar, mas morfina de nada adiantaria num caso como esse. Você teria que ter outra coisa para me dar, mas, da falta dessa coisa, você também padece.
Saudades suas, baby. Saudades.
Saudades de ficar "Sassaricando".
Tell me, do you remember?
Tinha uma macaca que trazia morfina, uma macaca com vestido de bailarina.
Saudades, baby. Vamos morrer disso.
A água já está nossos ombros.


9.6.04

BYE,BYE, BABY

Não, nunca ninguém me amou como a menina de Buenos Aires
E eu não consigo esquecer o que me trouxe até aqui
Olhos azuis salpicados de pó branco
E erva, muita erva
Para esquecer que Moscou ardeu em um incêncio canceroso e já não podemos mais voltar para casa

Eu amei ninguém