25.11.05

NUNCA DISSE ISSO TUDO QUE SAIU DA SUA BOCA

Pode chorar agora. Chora mesmo. Não tem mais jeito, baby. Não tem mais. Ali do parapeito da janela a atração é enorme. Meus olhos inchados e - você sabe - o estômago contorcido de tanta água e sal. Meus braços ardem e a culpa é de quem? Num pântano meus pés se moveriam com maior leveza.
É você que dói em mim o tempo inteiro. Você. Com seus olhos azuis transtornados de vermelho.Com sua taquicardia viciada. Você. Meu órgão externo mais entranhado.
Quase desisto de tudo me afogando num copo de água com a minha asma. Quase desisto e volto correndo para me aconchegar no seu despero. Para morrer ali, nos seus braços trêmulos e gelados. Meu leito de morte quentinho e amargo.
Tem tanta coisa sobre você que eu preferia esquecer. Suas mãos iguais as minhas, sua irrestível capacidade de me fazer responsável. O seu amor maior do mundo. Minha âncora.
Eu vou pular, querida. Vou. Você é absolutamente incapaz de me resgatar. Mas pule em seguida que amorteço sua queda.